Viva la revolución! Dilma pegou em armas de fogo para tirar os militares do poder, bem como grande parte da esquerda brasileira. Sabemos que na verdade os grupos de esquerda revolucionários queriam instituir naquela época uma ditadura nos moldes cubanos no lugar da ditadura militar instalada. O brasileiro tem recorrido a uma arma pouco ortodoxa para tirar do poder os militantes de um partido que tem ditado as regras na política nacional nos últimos 13 anos através do jogo sujo da corrupção.
Um texto de Antônio Prata publicado
na Folha tem causado polêmica nas redes sociais. Antônio Prata pergunta por que
as panelas batem só para o PT. Para quem não o conhece, Antônio Prata se intitula meio intelectual, meio de esquerda, um intelectual de botequim. Eu, que não sou intelectual, e não frequento botequim, mas sou conservador, quero defender o toque das panelas. Reproduzo abaixo o texto, em vermelho (cor
apropriada) e respondo em preto (também apropriadamente, afinal estou de luto
pois meu país está moribundo).
Temos
toda a razão de bater panelas quando a presidente aparece na TV dizendo que a
culpa por nossa pindaíba é da crise internacional. Mas por que não batemos
panelas quando Eduardo Cunha, o líder dos "black blocs" brasileiros,
vândalo que faz política com pedras, bombas e coquetéis molotov, vai em rede
nacional dizer que trabalha "para o povo", "sempre atento à
governabilidade do país"?
Respondo a Prata e a quem
interessar porque o povo brasileiro não bate panelas quando Eduardo Cunha
aparece na TV. O povo sabe que a crise que vivemos não é obra de Eduardo Cunha.
Eduardo Cunha não tem conduzido o país para a condição tão deletéria que
vivemos. Eduardo Cunha aliás é um grande desconhecido para muitos, poucos conhecem
seu passado político a fundo e Cunha foi eleito por seus pares deputados, muitos
inclusive do PT, para a presidência da câmara, não pelo povo. O desgoverno do
país não se deve a Eduardo Cunha, mas a quem tem as rédeas do país nas mãos.
Temos
toda a razão de bater panelas contra a corrupção da Petrobras. Mas por que não
batemos panelas contra o mensalão mineiro ou o cartel do metrô paulistano? Por
que não batemos panelas contra a compra de votos para a reeleição do FHC? Por
acaso pagar apoio na Câmara é mais grave do que pagar emenda na Constituição?
Não acho justo o povo brasileiro se unir em panelaço contra o PSDB, afinal não é o PSDB que tem roubado toda a nação. Particularmente acredito que o partido não é a oposição que o Brasil precisa, e não representa uma oposição ideológica ao PT. Não batemos panelas para a
reeleição de FHC pois o PSDB pode ter feito o diabo para mudar a lei eleitoral
permitindo a reeleição, mas FHC foi reeleito pelo povo. O PT foi contra a
reeleição, está na situação há 13 anos e fez o diabo para reeleger 2 candidatos. Se foi contra a reeleição antes, porque mudou? Batemos panelas contra
o PT, pois o PT não tem palavra. O PT não é sério.
Temos
toda a razão de bater panelas contra o retrocesso econômico de 2015. Mas como
podemos não bater panelas contra o anel de pobreza que desde sempre engloba as
metrópoles brasileiras, essa Faixa de Gaza de tijolo aparente, essa Cabul de
laje batida onde se amontoa boa parte da população?
O povo brasileiro não bate panela
contra a violência e a pobreza da periferia, pois o povo brasileiro está acostumado
a sofrer e ficar calado, a pegar fila do SUS, a ter o filho na escola fraca. O
povo bate panela contra aqueles que agora chamam o povo que vive na “faixa de
gaza de tijolo aparente” de “nova classe média”, só porque agora lá todos têm
TV LCD de tela grande e geladeira nova, se esquecendo que o povo precisa de
mais do que isso. Falta dignidade e respeito ao povo brasileiro por parte
daqueles que não reconhecem os seus erros ao ouvir o soar das panelas. Viveram
as últimas décadas desfilando como os arautos da moralidade, probidade e lisura,
proclamando a si mesmos como os descobridores do novo Brasil. Jogaram na lama aquilo
que trazia orgulho para o povo brasileiro.
Temos
toda a razão de bater panelas quando o governo se cala diante dos descalabros
venezuelanos e da ditadura cubana. Mas por que não batemos panelas diante do
fato de nosso principal parceiro comercial ser a China, maior ditadura do
planeta? O tofu que alimenta aquela tirania é feito com a nossa soja e os
fazendeiros, ruralistas e empresários que acusam a "venezualização"
do Brasil são os mesmos que lucram com o dinheiro comunista. Ninguém bate woks
por causa disso?
Antônio Prata não entende que não
são apenas meia dúzia de aristocratas e latifundiários que estão com a panela
na mão. O povo brasileiro está com as panelas nas mãos porque exportamos soja,
açúcar, minério de ferro e tantas outras commodities mas temos que importar
médicos cubanos para garantir a saúde do povo brasileiro. O povo bate panelas
porque nossa indústria está desmoronando. Os metalúrgicos, quem diria, são os
mais afetados. Aqueles da indústria automobilística. Onde está Lula agora? Por
que não está defendendo os trabalhadores? Ele deve estar ocupado fazendo lobby para algum campeão nacional.
O resultado do que vemos é o
enfraquecimento do Mercosul e a política de comércio exterior implementada pelo
PT que estendeu os laços comerciais com a China e transformou de vez o país em somente
um fornecedor de commodities. O povo bate panela porque sabe hoje que os amigos
do rei e da rainha, as empresas que surfaram na onda gigante das commodities,
foram favorecidas com empréstimos e aportes financeiros bilionários do BNDES em
troca de doações de campanha, lícitas e ilícitas (caixa dois). São os grandes campeões nas doações de campanha.
Temos
toda a razão de bater panelas contra o estelionato eleitoral do PT. Mas por que
não batemos panelas contra o estelionato eleitoral do PSDB, que elege
repetidamente um governador tipo "gerente", prometendo
"e-fi-ci-ên-ci-a" em cada sílaba, mas coloca São Paulo à beira do
co-lap-so-hí-dri-co"? Um cristão cuja polícia, não raro, participa de
grupos de extermínio, na periferia. Esta semana, foram 18 chacinados em Osasco
e Barueri. Imagina se fosse no Iguatemi? E o estelionato das UPPs, no Rio, que
prometem paz, mas torturam um cidadão até a morte e somem com o corpo?
Quem elegeu repetidamente Alckmin não foi o
PSDB, mas o voto do povo de São Paulo. O povo não bate panelas contra o colapso
hídrico, o povo colabora e coopera economizando água. Assim como o povo
pesquisa preço e economiza para fugir da inflação. O povo economiza luz, pois
vivemos uma situação drástica com as térmicas acionadas a todo vapor
literalmente pela falta de chuvas. O povo bate panela e grita: A nossa bandeira
jamais será vermelha! mas infelizmente a bandeira tarifária que Dilma enfiou
goela abaixo depois de prometer redução é. E o PT deveria estar vermelho de
vergonha por isso, bem como aqueles que se dizem meio intelectuais, meio de
esquerda.
"Não,
não, isso não! Me mata, mas não faz isso comigo!", gritava o Amarildo,
segundo um policial que testemunhou a barbárie, dentro de um contêiner. Como
pode a nossa maior preocupação em relação ao Rio, hoje, ser com a qualidade das
águas para as Olimpíadas de 2016? Cadê o Amarildo? Cadê as panelas?
O povo grita nas ruas da mesma
maneira que Amarildo, não pela violência policial, mas pela violência moral que
sofre e pelo policiamento do pensamento do politicamente correto, meio intelectual,
meio de esquerda. Não sabemos quem matou Amarildo para cobrar sua punição, mas
sabemos agora quem tem esfaqueado as contas públicas, conhecemos agora uma nova
classe de parasitas que afagam enquanto sugam o dinheiro público, fruto do suor
do povo brasileiro, para alimentar um projeto particular de poder. A maior
preocupação do povo não é com a qualidade da água do Rio, afinal o povo de
panelas na mão não é como o PT, que está mais preocupado com a SABESP ao invés
de estar preocupado com a boa administração pública.
Temos
toda a razão de sair pra rua, neste domingo, para protestar contra a
incompetência, a corrupção e a burrice do governo. Mas por que não sair pra rua
para protestar contra a incompetência, a corrupção e a burrice do país como um
todo? Um país que mata seus jovens, sonega impostos, polui, compra carteira de
motorista, licença ambiental, alvará, dirige pelo acostamento, estupra, espanca
e esfaqueia mulher (mas retira a discussão de gênero do currículo escolar), um
país onde os negros correspondem a 15% dos alunos universitários e a 67% da
população carcerária.
Todos erramos. Somos imperfeitos.
O que tem nos tornado assim ao longo dos séculos é a impunidade. A sociedade
nos impõe regras que desafiam nossa conduta ética e moral, mas há uma lei da
física que se aplica à sociedade: Para toda ação, há uma reação. Os mecanismos legais
tratam de punir os erros dos indivíduos ou grupos. É o método de reação que a
sociedade moldou através dos séculos para garantir a punição aos erros humanos,
para que não mais se repitam e a sociedade evolua. Mas como vemos no Brasil,
quando faltam educação, respeito, cidadania, e os meios de garantir a justiça
não funcionam, há impunidade. E quando
fica evidente a impunidade, a sociedade se revolta, muitas vezes transbordando
os limites da lei, como quando ocorre linchamento de estupradores e pedófilos e o ataque ao
Instituto Lula, por exemplo. O problema do Brasil não são os brasileiros, mas
sim a impunidade.
O povo bate panela e reconhece
seu erro. Grande parcela daqueles que votaram no PT nos últimos 13 anos, em
alguma das últimas eleições hoje batem panela e reconhecem que erraram. Os
brasileiros recebem a justa punição em terem errado nas urnas, através da
inflação, do desemprego crescente e da retração econômica. Mas o que tem
despertado nos brasileiros os instintos mais primitivos é a impunidade frente a
corrupção daqueles que sempre se disseram diferentes, probos, alvos, sãos, mas
na verdade são ladrões hipócritas.
Eu bato panela e reconheço, fui
incompetente, fui burro. Fui incompetente em não participar ativamente da
democracia. Em não analisar a fundo os candidatos. Em não cobrar meu deputado quando
da votação de algum projeto importante para mim e para meu país. Fui
incompetente ao não conseguir mudar meu país para melhor participando
ativamente da democracia, pelo contrário, abaixei a cabeça. Fui burro ao
permitir que a situação chegasse a esse ponto onde retrocedemos ao invés de
crescer. Fui burro ao pensar que não podia fazer nada. Agora sou punido junto
com o povo brasileiro. Mas não posso continuar errando, preciso melhorar. Não será mais desta vez que somente o
povo será punido. Basta de impunidade, basta de corrupção, basta de improbidade,
basta de negligência e basta de indecência na política do Brasil. O povo está
aprendendo a lição: a democracia emana do povo, vem de baixo para cima, é
alimentada pelo povo.
Este ódio
cego, esta parcialidade hipócrita, este bombardeio cirúrgico que pretende
eliminar o PT — e só o PT — para "libertar o Brasil", empoderando
Renan Calheiros e Eduardo Cunha, não é o desabrochar da consciência cívica, é
mais um fruto da nossa incompetência, mais uma vitória da corrupção; palmas
para a nossa burrice.
O PT desperta no brasileiro esse sentimento
tão primitivo que é o ódio. O povo reage e bate panela contra o PT porque o PT
merece. Porque se diziam diferentes e se demonstraram sórdidos. Porque se
diziam limpos e vivem no chiqueiro. Porque o PT não reconhece seus erros,
porque o PT não pede desculpas ao povo brasileiro por ter colocado o país na
lama e nas manchetes do mundo no maior escândalo de corrupção da história da
humanidade. Quem é hipócrita nessa história? Quem prometeu e mentiu? Quem
amealhou para si através de programas sociais a imagem de um partido
comprometido com o povo quando por debaixo do pano desviava bilhões e mais
bilhões e mais bilhões e mais bilhões, para alimentar um moto-perpétuo de poder?
O PT é parcial e hipócrita.
Parcial pois só pensa em seu projeto de perpetuação de poder. É hipócrita pois
engana e rouba como nunca antes na história deste país. Hipócrita é quem se diz
intelectual e defende a burrice da impunidade. É hipócrita e parcial quem se
diz de esquerda, mas não olha para a situação do povo que tem o poder de compra
do salário reduzido através da inflação, povo que vê sua moeda desvalorizar e
sua economia regredir para uma época que todos queremos esquecer.
Que sejam punidos todos os que traíram
a pátria saqueando o dinheiro que deveria ser destinado ao bem comum,
independente do partido. Mas o ódio que foi despertado no brasileiro é contra o
mais hipócrita dos partidos: o PT. Sinônimo de mentira, engano, ultraje. O ódio
é resultado da hipocrisia e traição do PT ao povo que acreditou em suas
falácias.
Os semi-intelectuais de esquerda
atribuem ao povo brasileiro a incompetência de seus mentores. O povo quer
gritar: Fora incompetentes! Fora ladrões! Fora mentirosos! Mas os intelectuais “de
botequim do Itaim” querem calar o povo.
O Brasil precisa mudar para
melhor, e o melhor é extirpar o PT do poder e eliminar este câncer sorrateiro
que espalhou o tumor da corrupção por todos os órgãos federais e ameaça a vida
do povo brasileiro. O povo precisa ser cirúrgico nessa hora, e então passar a
escolher seus governantes não pelo marketing, mas com consciência e cobrar
ativamente suas autoridades para que não haja recidiva desta doença crônica que
é a corrupção. Independentemente de partido, o povo precisa usar o bisturi da
democracia. O povo precisa ter esse papel ativo sempre, em especial sempre que o Brasil estiver à
beira do colapso. As panelas são as armas do povo brasileiro contra a
impunidade. O povo tem papel ativo na sociedade, e é hora de assumirmos essa
postura. Se for preciso bateremos panelas, são as armas da democracia brasileira. O brasileiro é livre para se manifestar.
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