sexta-feira, 31 de julho de 2015

Financial Times: Donas de casa brasileiras sofrem para pagar as contas

Pesquisa mostra que o Brasil é o mais atingido entre os países da região enquanto o desemprego e os custos de financiamento sobem.

Dona de casa escolhe lavadora em loja no Rio

Os brasileiros estão achando muito mais difícil gerir as dívidas domésticas no segundo trimestre do ano, de acordo com uma pesquisa recente realizada pela FT Confidencial Research, serviço de pesquisa do Financial Times para os investidores. De 1.500 entrevistados, 811 disseram que achou "difícil" ou "muito difícil" pagar suas dívidas, frente a 755 há três meses e de 687 no mesmo período do ano passado.

Os dados sugerem que as vendas no varejo brasileiro, já em queda, são suscetíveis a enfraquecer ainda mais nos próximos meses.

As vendas no varejo permaneceram relativamente dinâmica até os últimos meses, apesar de uma desaceleração gradual da taxa de crescimento econômico anual desde 2010. Mas, com o aumento do desemprego, o aumento nas taxas de juro  e o aumento do custo para financiamentos, o consumo está enfraquecendo. Está prevista para a economia do Brasil uma contração de 1,7 por cento em 2015, depois de registrar crescimento zero no ano passado.

As vendas no varejo diminuíram a taxas anuais de 3,2% em abril, e 4,5% em maio, após alta de 2,3% em 2014 e 4,3% um ano antes.

Os números da FT Confidential mostram que os mutuários em outros lugares na América Latina estão enfrentando dificuldades em pagar as dívidas, mas em nenhum país na mesma extensão do Brasil. De fato, na Argentina e no México os mutuários relatando dificuldades tem caído, bem como a porcentagem total deste ano em relação ao ano anterior. Na Colômbia e no Peru, cujas economias ainda estão se expandindo a uma taxa de cerca de 3 por cento ao ano, apenas 32,1% e 28,8% dos mutuários, respectivamente, relataram dificuldade em pagar as dívidas.


No Brasil, os empréstimos com inadimplência aumentaram apenas marginalmente até agora neste ano, subindo com a percentagem de empréstimos globais de consumo de 3,67 por cento no final de dezembro, para 3,85 por cento em 29 de maio, de acordo com dados do banco central. No entanto, outra pesquisa de campo também sugere que as finanças domésticas estão sob crescente pressão. Uma pesquisa publicada em julho pela Câmara Nacional do Comércio (CNC) e com base em 18.000 respostas mostrou que as famílias dedicam 31,2 por cento de sua renda para honrar dívidas em julho, o maior resultado de julho por cinco anos e o maior número global desde Março 2012.

Na mesma pesquisa FT Confidential do segundo trimestre, mais da metade dos domicílios brasileiros disseram que estavam em situação pior do que no mesmo período de 2014. O índice de força financeira do agregado familiar resultou em 29,2 , índice calculado com base em respostas a esta pesquisa, que se encontra no menor nível desde que o instituto FT Confidencial começou sus pesquisa sobre o Brasil há mais de três anos atrás. Compras declaradas de carros, bens e produtos da linha branca também permaneceram em seus níveis mais baixos desde que o levantamento começou.


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